domingo, 27 de fevereiro de 2011

Untitled

             Ele se aproximou devagar, sentando-se ao lado dela e pegando uma mecha de cabelo que lhe tapava o rosto, pondo atrás da orelha da mesma.
- Você não devia chorar... – Falou numa voz mansa e doce.
- Realmente, não devia. – Soltou um riso pelo nariz, ainda fitando o chão.
- Então por que está? – Perguntou no mesmo tom de voz, fitando a moça, que ainda mantinha a visão nos ladrilhos de pedra.
- Eu não sei... – Sua voz sumiu por alguns segundos, e seu olhar pareceu vago por alguns instantes, antes de balançar a cabeça, passar os dedos no rosto, secando as lágrimas. – Não quero te encher com isso, mesmo. – Sorriu. Um sorriso fraco e bondoso, além de doce. Aos olhos dele, aquele sorriso sempre lhe parecia doce.
- Não, não e não! Não vai me encher, querida. Você sabe que eu estou sempre do seu lado.
- Você é um amor de pessoa... – Falou com a voz emocionada, seus olhos passaram pelos do rapaz e se voltaram para os ladrilhos.
- E você não é? – Ele riu, fraco, voltando a ocupar-se com a mecha de cabelo da menina. – Se fizer você se sentir melhor, me conte. – Sorriu com bondade. Como ele consegue isso? Pensou a jovem, fitando aquele sorriso, que também a fez sorrir. Ele tinha aquele dom, fazer as pessoas sorrirem. Amava aquilo nele, tinha sorte de ter um... Amigo? Sim, tinha sorte de ter um amigo como ele. Então ela começou a falar, lá do fundo, tudo o que sentia. Falou os irmãos, dos pais, da escola e do trabalho. Sempre achava que estava falando demais, mas ele lhe dava apoio, apenas com um aceno de cabeça. Por fim, calou-se e voltou a fitar o chão, já cansada de impedir e deixando algumas lágrimas quentes correrem pela sua face.
- Sou uma boba... – Apenas um fiapo de voz podia ser ouvido, falava mais para si mesma do que para o rapaz ao seu lado. – Me acho tão... Egocêntrica! Milhões de problemas e eu pensando nesse meu mundinho idiota. – Agora falava mais alto, com um misto de raiva e revolta.
- E você acha que vai resolver os problemas do mundo se não resolver os seus?
            Mabelle virou o rosto para ele, rápido, fazendo seu cabelo acompanhar o movimento da cabeça e alguns fios grudarem em sua face. Sentiu o rosto corar, então voltou o olhar para o chão, com a mesma velocidade de antes, passando as mãos rápidas pelo rosto, limpando as lágrimas e tirando os fios de cabelo. Ficaram algum tempo em silêncio, o jovem fitava uma árvore próxima, enquanto a moça ocupava-se com o chão de pedras. Não estavam interessados no que viam, mas estavam perdidos em seus pensamentos, tão profundos quanto o oceano.
- Obrigada, Chris... – Disse, por fim, quebrando o silêncio, e encostando-se no amigo, apoiando a cabeça em seu ombro.
- Não precisa agradecer. – Christopher respondeu com a voz calma, acariciando os cabelos cor de mel da menina.
- Você é um grande amigo. – Sua voz estava distante, enquanto seus olhos voltavam a encher de lágrimas. Passou novamente a mão deles, não queria que ele a achasse uma chorona.
            Ele apenas sorriu e continuou a passar a mão pelos cabelos da jovem, deixando seus olhos verdes perdidos em algum canto da árvore, nas folhas verdes como seus olhos. Ele era um grande amigo, como doía ter consciência daquilo, como o machucava se conformar com tudo. Mas não iria sofrer ou chorar, eram amigos... O que podia fazer? Apenas aceitava aquela amizade com o coração aberto.
- A vida é maravilhosa, Mabelle, só não é perfeita. – Ele sorriu e fitou a amiga, que tinha os olhos fechados. Aqueles olhos tão escuro, que eram janelas abertas para o coração. Ou melhor, escancaradas. – É igual quando se está apaixonado: a pessoa não é perfeita, mas você a ama, mesmo com seus defeitos. E o que for possível, tenta melhorar.  – Seu olhar estava novamente na pequena árvore.

{N.A.: Um dia eu termino... Ou não u_u'}

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